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Refinaria Alberto Pasqualini - REFAP - Refeitório

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Flutuando sobre o lago

 

Os edifícios da Portaria  e Refeitório, como peças excepcionais do tabuleiro e caráter mais público da REFAP, exploram formalmente a transparência e descolamento do plano do solo como diferencial. Projetados quase simultaneamente (desenhos datados com um mês de diferença), provavelmente um influenciou o outro. Ambos os edifícios sobrevoam a área adjacente, sendo que a Portaria o faz com arrojo estrutural de balanço sobre apoio único e o Refeitório aproveitando a topografia natural do terreno. Este último tem na relação com o açude e a paisagem seu principal ingrediente, através da superelevação do pavilhão “sanduíche” de faces acristaladas, onde está o salão de refeições, sobre a água, usufruindo cena natural. A ideia de pavilhão "sanduíche" com "recheio" acristalado flutuando sobre a natureza faz como a Casa de Vidro (1951), de Lina Bardi (1914-1992), à qual o restaurante presta tributo tipológico, assim como outros projetos análogos, como a Casa Gómez (1953), de Francisco Artigas (1916-1999) em Col. Pedregal de San Ángel no México. Os pilotis criados propiciam área de descanso integrada ao bar criteriosamente mobiliado[1] e área ajardinada do entorno imediato, da mesma forma projetada. A compensação de nível é amparada por parede arrimo construída com pedras irregulares de basalto que articula o interior ao exterior como nos pavilhões miesianos. Nos interiores, a rigorosa modulação do forro, afinada com pisos e caixilharia, dá o espírito de coordenação modular marcante do espaço, revisitado pelos quatro arquitetos em obras posteriores

O Refeitório (projeto coordenado por Moojen) tem como elemento dominante de sua organização formal, de partes elementares, o salão de refeições propriamente dito e parte da cozinha, na forma de uma “placa” horizontal com aproximadamente cinquenta metros longitudinais no sentido leste-oeste e trinta e seis metros de largura no sentido norte sul, e em torno de cinco metros de altura no total, o que configura objeto de bela proporção visual e forma horizontalizada condizente com a paisagem. Dividida em três crujias de aproximadamente doze metros cada, de forma a organizar todas as funções de serviço no vão central e acomodar o salão de refeições de maneira perimetral, em planta livre, faceando três fachadas transparentes integradas visualmente à paisagem, esta placa é interceptada na retaguarda por volume mais baixo, mais estreito e opaco, que abriga o restante das funções de serviço e a intersecciona, deixando na diferença de largura, de ambos os lados, os espaços generosos para o ingresso. Este volume cego, “morde” o vão central da cozinha e avança a oeste em direção ao estacionamento e à orientação principal de chegada, para quem vem do complexo ao refeitório de automóvel, inscrevendo um pátio de serviços, com acesso desde o estacionamento, onde são efetuadas carga e descarga e localizadas as funções de infraestrutura, assim como aberturas de iluminação e ventilação. De certa maneira, a fachada de chegada ao refeitório é sua face mais operativa, que, além de intermediar todas as funções de serviços, condiciona o acesso ao salão principal através destes caminhos laterais, que, além de organizar o ingresso linear tangente aos toilletes e buffet, através dos costados do volume cego, definido por planos de tijolos à vista que penetram do exterior ao interior, culminam o visual na paisagem

 

Sergio M. Marques, 2012

Refinaria Alberto Pasqualini - REFAP

Refeitório

Ano: 1962

Promotor/Contratante:

Governo do Federal do Brasil., Petrobrás S.A.

 

Projeto de Urbanismo, Paisagismo, Arquitetura e Fiscalização de Obral:

 

Arqs. Carlos M. Fayet, Cláudio L. G. Araújo,  Moacyr Moojen Marques, e Miguel Pereira

(Coord. do Projeto do Refeitório _ Moacyr Moojen Marques)

Complementares:

 

Cálculo Estrutural:

Eng. Dicran Gureghiam, Eng. Eugênio Knoor, Eng. Fernando Campos de Souza

 

Técnicas construtivas e especificações

Eng. Raul Rego Faillace

 

Instalações elétricas, hidráulicas e ar-condicionado

Eng. Boyjunga Dias e Eng. Milton Campos

 

Acesso viário BR-116

Eng. Cloraldino Severo 

Construtoras:

Melo Pedreira, Azevedo Moura Gertum, Tedesco e outras.

Local:  Rodovia BR 101 Km 13, Canoas/RS

Condição Atual:  Em uso

Fotografias:

João Alberto da Fonseca – Acervo FAM

Modelo 3D: 

Sergio Marques

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Portaria
Almoxarifados
Centro Médico
Treinamento
Administração

BIBLIOGRAFIA

LUCCAS, Luís Henrique Haas. Arquitetura moderna brasileira em Porto Alegre: sob o mito do “gênio artístico nacional”. Porto Alegre: PROPAR-UFRGS, 2004 (Tese de doutorado em arquitetura).

 MARQUES, S. M.. FAM. 1. ed. Porto Alegre: ADFAUPA, 2016. v. 300. 448p

MARQUES, S. M.. Carlos Maximiliano Fayet. Arquitetura moderna brasileira no Sul. Arquitextos (São Paulo. Online), v. 105, p. 105.03, 2009

MARQUES, S. M.. Ambiente, paisagem, urbanismo e arquitetura modernos em obra pioneira da Arquitetura Moderna Brasileira no sul: Refap/Petrobras - 1962/1968. AMBIENTE CONSTRUÍDO (ONLINE), v. 18, p. xxx, 2018.

MARQUES, S. M.. DA "REFINARIA À SECRETARIA" - Racionalismo Estrutural, socialismo nacional e modernismo regional em obras públicas de Fayet, Araújo & Moojen - 1962 a 1970. In: Carlos E. D. Comas; Marta Peixoto; Sergio M. Marques. (Org.). Concreto - Plasticidade e Industrialização na Arquitetura do Cone Sul-Americano 1930/1970. 1ed.Porto Alegre: Editora Ritter dos Reis, 2012, v. VII, p. 175-204

 Projeto Janeiro/Fevereiro de 1994 nº171­; Bienal Tradição e Ruptura – Arquitetura, Nov 1984 – Jan 1985, pg. 30

SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil (1900-1990). São Paulo: Edusp, 1998.


XAVIER, Alberto/MIZOGUCHI, Ivan. Arquitetura Moderna em Porto Alegre. São Paulo: Pini, 1987.

PREMIOS E EXPOSIÇÕES

Medalha de Ouro - Melhor Projeto Construído, 4º Salão de Arquitetura do RS  IAB/RS. Janeiro 1968

Bienal Internacional de Arquitetura – Tradição e Ruptura –  Fundação Bienal de São Paulo (19/11/1984 a 31/05/1985)

Tombado pela Prefeitura Municipal de Canoas - RS

Integrante do Arquivo Internacional de Arquitetura Moderna do DOCOMOMO - Ficha elaborada por Sergio M. Marques

 

 

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