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Espaço Bangalô (Jardins da Praça)

O projeto do Centro Comercial Espaço Bangalô ( “Jardins da Praça”, nome sugerido pelos empreendedores), dá seqüência a dois projetos anteriores, o Centro Comercial Nova Olaria  em Porto Alegre e o Paseo Kolman (http://www.moomaa.arq.br/kollman.htm) em Capão da Canoa, realizados no final da década de 1980 e 1990 respectivamente. Ambos os projetos, em continuidade aos temas debatidos naqueles anos, davam conta de inserirem-se no tecido urbano, contextualizando-se com o cenário morfológico e cultural do local. No primeiro caso, o contexto da Cidade Baixa, potencializado em seus valores históricos e sociais, com a inserção do Nova Olaria, disparou uma nova vitalidade urbana, redirecionando o significado e uso desta parte da cidade, adormecidos já há algumas décadas. No segundo caso, no Município de Capão da Canoa, no litoral Norte do Rio Grande do Sul, antigo balneário, exaurido pelo excesso de especulação e comércio em sua área central, o Paseo, com seus baixos índices de aproveitamento, e reciclagem integral de casas de verão e hotel existentes, retoma um comércio e lazer mais lentos, próprios do ritmo ameno de veraneios passados. Aceleração em um caso, desaceleração em outro, ambos reaproveitando pré-existências, em uma re-arquitetura de tipologias referenciais em cada caso.

No atual projeto, atendendo um encargo da empresa, recém nova proprietária do Nova Olaria, da mesma forma que naquele caso, realizamos um trabalho preliminar, de estudo de viabilidade urbanística para hipóteses de ocupação da área situada na zona sul de Porto Alegre. Em bairro cuja vocação, tradicionalmente é o da habitação unifamiliar de classe média e proximidade ao rio Guaíba, a Av. Wenceslau Escobar, que já há alguns anos vem se consolidando como o pólo comercial do bairro, na forma de um eixo de centralidade que liga o Cristal à Vila Conceição, foi estudado diversas alternativas de empreendimentos.  

A opção adotada, abandonando o aproveitamento máximo permitido pelo regime urbanístico do Plano Diretor vigente, determina um partido predominantemente horizontal, com lojas abrindo-se para a avenida e para o interior do quarteirão, com estacionamento ao fundo. O esquema geral, tanto formalmente quanto construtivamente alia-se à padrões de simplicidade, atendendo à requerimentos de racionalidade construtiva e economicidade. No entanto a frugalidade da arquitetura proposta rima com o clima provinciano dos bairros da zona sul da capital, onde a herança de balneários fluviais incorpora nos moradores que circulam com roupas e hábitos de praia. A idéia de lojas na calçada e mall ao ar livre, mesas no pátio e fachadas com varandas, tenta interpretar, com arquitetura moderna, os modos de vida e os tipos arquitetônicos antecedentes.

O chalé de madeira ou o bangalow californiano, predominante na ocupação sazonal original dos bairros da zona sul a partir da década de 1940, não sustentam a demanda por moradias permanentes, a franca expansão de condomínios e o comércio e serviços correspondentes. O Centro Comercial tenta mediar a renovação do ritmo bucólico do bairro-balneário passado com a velocidade da migração urbana de classe média e jovens casais em busca de vida moderna e proximidade com a natureza, na zona sul, através de arquitetura contemporânea sensível aos hábitos locais.

A arquitetura conjuga sistema construtivo recorrente, com estrutura independente de concreto armado in loco, alvenarias de tijolos rebocados e pintadas de branco. Aberturas com vidros temperados e pouco caixilhos, valorizam a transparência, desde a rua ao interior do quarteirão, onde está a praça fazendo às vezes de um pátio, para onde se abrem varandas de concreto à vista. No pavimento superior, preparado para receber sobreloja a ser executada pelos logistas, o brise de madeira filtra a luz abundante do bairro horizontal e cria suporte padrão para a comunicação visual. Na fachada principal a idéia de uma grande laje sobre-planando os volumes, ainda não executada, evidencia a idéia de conjunto e entrada.  

A escala doméstica, as grandes transparências, o piso de pedra portuguesa refletem uma arquitetura moderna híbrida pelas referências, pela conexão urbana, pela atenção ao contexto, tangencia a arquitetura produzida pelos arquitetos norte americanos da costa leste, após a segunda guerra e aproxima-se do vernacular.

Sergio M. Marques, 2008

 

Obra: Espaço Bangalô (Centro Comercial Jardins da Praça) 

Local: Avenida Wenceslau Escobar 2320 - Porto alegre

Data do projeto: 2006

Data da conclusão da obra: 2008

Área do terreno: 3.908,95 m2

Área construída: 1.992,62 m2

Empreendimento: Dallasanta – Empreendimentos e Incorporações

Arquitetura: Moojen & Marques Arquitetos Associados - Arqs. Moacyr Moojen Marques, Sergio M. Marques, José Carlos Marques – Colaboração: Arqs. Cristina Martins, Monica Bohrer, Luciane Kinsel; Acad. Camila Dias, Roberta Handler, Betina Cornetet, Karla Roman, Valentina M. Marques, Camila Thiesen

Paisagismo: Karol Gardens 

Luminotécnica: Atelier De Iluminação Becker e de Paula

Estrutura: Estadio 3 - Engenharia de Estruturas

Fundações: Fundenge Estaqueamento Ltda

Elétrica: Jp Instalações Elétricas e Hidráulicas Ltda

Hidráulica: Eletrotec Construções Eletricas Ltda

Construção: Obra Pronta Gerenciamento e Construção

Fotografias: Eduardo Aigner - Sergio M. Marques

Lista de fornecedores

Brises de Madeira - Arko Madeira Tratadas Ltda

Concreto - Cimpor Concretos S.A.

Cobertura - Estruturas Metálicas Broilo Ltda

Esquadrias E Vidros - Metal Vidros Com  De Vidros Ltda

Iluminação Externa - Vialight Iluminação

Pavimentação Externa - M S D Marmores E Granitos

Tintas - Renner S.A.

 

BIBLIOGRAFIA

 

MARQUES, M. M. ; MARQUES, S. M. ; MARQUES, J. C. . La escala de lo Barrial - Centro Comercial Jardins da Praça. Buenos Aires: Donn S.A. - Summa +, 2008 (Projeto Arquitetônico).

MARQUES, S. M.; MOOJEN, M. ; MARQUES, J. C. . Arquitetura busca na simplicidade, ares de província (Projeto Arquitetônico. São Paulo: Arco Editorial, 2008 (Projeto Arquitetônico).

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